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Agências de comunicação, assessoria e o jornalismo: O que podemos tirar destas relações?

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O que pensam os profissionais que se inseriram em uma área muitas vezes estigmatizada entre jornalistas

De acordo com dados de 2012 do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC, em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, 55% dos jornalistas trabalhavam com Mídia em veículos de comunicação, produtoras de conteúdo, etc. Também, 40% trabalhavam fora da mídia, em atividades como assessoria de imprensa, comunicação ou outras ações que utilizam conhecimento jornalístico.

Neste cenário, as agências de comunicação possuem um papel fundamental. Elas surgiram no século XIX e pesquisas realizadas pela a Rock Content e Resultados Digitais em 2019 mostraram que o setor continua a se expandir, pois as empresas estão investindo cada vez mais em divulgação no meio digital, com produção, edição e gerenciamento de conteúdo e relacionamento.

Infográfico: Letícia Alves

A presença dos jornalistas nas agências e assessorias é grande, uma vez que esta área possui a maior oferta de empregos.

Tábita Martins, é a criadora da empresa Casa do Conteúdo, de Pirassununga em São Paulo. Foi repórter em redações como Jornal Estado de Minas, EPTV/Rede Globo e Portal Uai e conta que sempre produziu conteúdo como freelancer devido a qualidade dos seus textos. Foi assim que ela acabou migrando para a área de produção de conteúdo. “Foi um processo natural da minha vida. Acredito que não fui eu quem buscou, mas fui encontrada pelo conteúdo dessa forma. Claramente tive que estar nos lugares certos e em constante movimento, para que isso acontecesse”, ela acrescenta.

Site da empresa Casa do Conteúdo, criada pela jornalista Tábita Martins. Gif: Reprodução.

A inserção no mundo da assessoria para Gisleine de Fatima Durigan também não foi premeditada. Mesmo gostando de jornalismo investigativo, sua entrada no mercado de trabalho em 2006, foi através do Serviço Social do Comércio (SESC). Por seis anos, foi responsável pela produção de releases, acompanhamento de entrevistas e confecção de clipping de notícias. Após concluir seu mestrado em 2018, foi contratada em uma agência de comunicação em Londrina e hoje trabalha em uma grande agência de comunicação em São Paulo.

Para ela, a grande diferença entre a assessoria e a redação é o objetivo: “Há muito tempo se travava essa questão de jornalista de redação e o assessor de imprensa, que não seria jornalista pois ele estaria se vendendo, não exercendo seu papel cívico, cidadão. Eu acredito que são objetivos diferentes, mas mesmo nas redações, sempre tem uma questão mercadológica envolvida”.

Já Tábita acredita que nas redações “Em geral, você produz mais matérias de denúncias ou educativas. Você precisa explicar as coisas para a sociedade, tem um compromisso com ela” enquanto na produção de conteúdo para empresas “O seu papel é mais de assessoria, então você busca divulgar e preservar a imagem dessa empresa, ao mesmo tempo que visa trazer conhecimento e esclarecimento para a sociedade”.


Infográfico: Letícia Alves

O profissional que trabalha na área da comunicação empresarial e assessoria, deve possuir algumas habilidades específicas. Gisleine diz que é essencial "Fazer um bom atendimento, e ter um bom relacionamento com a imprensa, nas redes sociais e saber o básico de cada uma das plataformas, além de ter algum relacionamento com influenciadores".

Já a Tábita sugere que para quem se interessa por produção de conteúdo é necessário focar no ganho de experiência, cursos específicos e ter curiosidade. “A faculdade não tem muitas disciplinas específicas, então é bom buscar conhecimento nas empresas que já oferecem esse serviço e também fazer cursos na área”, aponta. Ela também recomenda tomar muito cuidado com os blogueiros que ensinam teorias sem conhecimento de causa. “Não significa que uma coisa que deu certo para um público ou cliente, se repetirá com outro. Cada um exige estratégias diferentes e só um profissional qualificado poderá traçar esse planejamento” finaliza.